sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Liberdade sem contracheque





Cynthia Ferreira

Para uns, uma alternativa ante um mercado de trabalho adverso. Para outros, uma profissão autônoma e independente. A figura de um freelancer como um prestador de serviços temporários está cada vez mais presente nas redações e empresas de comunicação. Muitos enxergam com bons olhos a atuação deste profissional, pois a cada trabalho uma nova experiência. Para os recém-formados, inclusive, fazer um “freela” para determinada empresa consiste em um meio de enriquecer o currículo e ganhar uns trocados extras.

A jornalista Kássia Nobre compartilha desta visão. Atualmente, ela trabalha como freelancer para o jornal Gazeta de Alagoas. Formada no curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) há apenas um ano, Kássia explica que a oportunidade se deu após o período de estágio na empresa. Por conta de seu recente ingresso ao mercado de trabalho, a jornalista considera válida a experiência como freelancer. “Se o recém-formado consegue um contrato logo de cara, ótimo, se não, trabalhar como temporário é um caminho para expor o seu trabalho e aprimorar a técnica jornalística”, justificou.

Anthony Campos também é cara nova no meio jornalístico e garante que seus “bicos” lhe conferiram bastante experiência. Durante seis meses, o jornalista trabalhou como freelancer na assessoria de imprensa da agência de Intercâmbios CI, franquia Maceió. Anthony já participou da divulgação de outros eventos de categorias profissionais e espetáculos teatrais, que duravam, no máximo, cerca de duas ou três semanas. “É um trabalho que exige bastante do profissional, porém em um curto de espaço de tempo”. Segundo o jornalista, o caráter temporário do trabalho de freelancer proporciona ao profissional uma boa diversidade de experiência em segmentos variados.

Ambos os entrevistados avaliaram positivamente a aceitação desse perfil de profissional. Mas para Kássia Nobre, apesar de revigorar o mercado de trabalho com novos nomes, a contratação de freelancers reflete a demanda de uma mão-de-obra qualificada, porém impossibilitada de ser absorvida pelas empresas. Outros aspectos negativos se referem à falta de estabilidade financeira, o pouco reconhecimento e o pagamento de taxas as quais o prestador é submetido - a exemplo do Imposto Sobre Serviço (ISS).

Assim como Anthony Campos, há quem considere o exercício de freelancer uma estratégia para contratação em uma empresa. De acordo com Anthony, os resultados obtidos pelos autônomos devem, acima de tudo, instigar a inserção permanente na empresa. “O problema é que as pessoas limitam esses trabalhos ao termo ‘temporário’ e esquecem de se esforçar ainda mais para trazer resultados e mostrar, através deles, a importância de um profissional presente, que realize esse tipo de ação de forma mais planejada e com mais estrutura”, completou.

E se os papéis fossem invertidos? E se, ao invés de empregados, fossemos os patrões? Nossos entrevistados não hesitaram em responder que contratariam um freelancer em suas empresas. Para Kássia, seria o primeiro contato feito com o profissional. Anthony, por sua vez, fez questão de ressaltar a brevidade da contratação. “Somente se esta ação fosse curta o suficiente para que não precisasse contratar em definitivo mais alguém. Acredito que um profissional que atua lado a lado com a empresa e já conhece o seu cotidiano, pode trazer melhores resultados para a instituição”.

Fundo de garantia, férias remuneradas, 13º salário, assistência médica e INSS. São palavras que não constam no vocabulário de um profissional autônomo. Traduzindo, a inicial “free” significa liberdade. E ela existe através dos horários flexíveis, desafios constantes e ambientes de trabalho diversos. Contudo, a troco de um mercado que se manifesta de forma contrária aos vínculos empregatícios. Liberdade ou um contracheque a cada final de mês? Em um ramo onde não há emprego para todos, quem não tem cão, caça com “freela”.

1 comentários:

Anônimo | 7 de março de 2010 às 02:55

Freelancer é a oportunidade de conhecer as varias formas de exercer o jornalismo. Seja no impresso, tv, assessorias, fotografia e muito mais e daí então ver aonde está a maior paixão. Quando se faz o que gosta se faz com prazer e tenho certeza que oportunidade de trabalho não faltará.

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