terça-feira, 3 de novembro de 2009

Aprendendo a amar Maceió


Uma das novidades do BulaMais é a seção Colunas, que será disponibilizada em breve. Neste espaço, alguns colaboradores convidados falarão sobre temas específicos. Entre eles está Emanuela Gomes, portuguesa de 20 anos que veio às terras caetés para um intercâmbio na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Em sua coluna, Emanuela fará uma redescoberta do Brasil, afinal, a moça é uma portuguesa baiana. Nascida em Paulo Afonso (BA), viveu por aqui até os cinco anos de idade, quando foi, com sua mãe (brasileira), ao encontro de seu pai (português) nas terras da nossa antiga metrópole.

No texto a seguir, Emanuela se apresenta e dá uma mostra do que os leitores podem esperar de sua coluna.




Emanuela Gomes

Minha aventura pelas terras alagoanas começou há mais ou menos três meses. Uma aventura cheia de altos e baixos, repleta de pessoas maravilhosas e outras não tão maravilhosas assim. Enfim, como em qualquer outro lugar do mundo. A única particularidade é ter acontecido aqui, comigo, uma portuguesa.

Bem, o início foi muito atribulado. Sem casa, sem dinheiro e, confesso, um pouco assustada com histórias de assaltos na área em volta da Universidade (tinha a ideia romântica que o “paraíso das águas” seria mesmo um paraíso).

Pulando de casa em casa, dependente da boa vontade do generoso povo alagoano, fui, durante um mês, uma sem-teto vagando pelas casas de Maceió à espera da bolsa portuguesa que tardava a chegar! Aprender? Aprendi muito! Experiência de vida não me tem faltado durante estes meses, isso posso garantir. Boa gente? Encontrei muita, gente que até hoje nem tenho como agradecer.

Enquanto tudo isso acontecia, a minha vida universitária ia de vento em popa: aqui as matérias são muito mais práticas, os professores muito mais informais e, deixando os alunos à vontade, me senti mais impelida a participar das aulas, a estar atenta, enfim, um desafio para mim.

E dentro do curso de Jornalismo também encontrei pessoas que já - em tão pouco tempo - adoro e dos quais nunca me esquecerei. Claro que nem tudo foi um mar de rosas… Em algumas turmas não tive a mesma recepção que tive em outras, não foram tão simpáticos e prestativos, mas isso também faz parte.

No aspecto cultural nem sei por onde começar. Acho que vou começar pela parte que mais gosto: a comida! A comida brasileira é ótima e perfeita para a minha demanda em busca de algumas gorduras para cobrir o meu esqueleto. Do que falar? Das cocadas, do munguzá, da feijoada, do pirão, do cuscuz, dos sorvetes, dos sucos, uma lista interminável de coisas que já não sei viver sem. Aliás, como vou eu sobreviver em Portugal sem a minha tapioca ou a minha água de coco?

A música, a literatura e o cinema ainda estou a descobrir aos poucos, com a ajuda de pessoas maravilhosas. Aos poucos vou descobrindo as noites de cinema no Corujão ou a musicalidade que atinge o Posto 7 a cada quinze dias. Aos poucos vou ouvindo Wado e Gato Zarolho. Aos poucos vou descobrindo cultura em Alagoas.

Por fim, e como já me estou a alongar um pouco, devo admitir que estou a aprender a amar Maceió. Não só as praias, que foram um fator forte para a minha vinda para cá, mas todo o resto. Sou neste momento uma mulher dividida em 2 mundos e com a certeza que a alma se vai despedaçar quando se despedir desta terra à beira-mar plantada que me acolheu de braços abertos.

1 comentários:

Bruno MGR | 10 de novembro de 2009 às 23:21

Manu. A Vaneska adorou o seu texto, só que ela não gosta de comentar. Então eu comento por ela. Ficou muito bom, parabéns!

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